sexta-feira, 26 de agosto de 2011

PREVENÇÃO

Plano de Ações Estratégicas de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis prevê medidas que melhoram a qualidade de vida de estudantes, por meio do Programa Saúde na Escola

Acesse a íntegra do Plano

Abusar de alimentos com baixo valor nutritivo e alto valor calórico, ser sedentário, e, até mesmo fumar e consumir bebidas alcoólicas são atitudes que geralmente têm início na adolescência, mas que terão reflexo na saúde para o resto da vida. Estes fatores estão associados ao desenvolvimento da maioria das doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes e câncer, que lideram as causas de óbito na vida adulta no país e no mundo.

DCNTA Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2009 entre adolescentes de 9ª série do ensino fundamental nas 27 capitais do país, considerou que, em 2009, 43,1% dos alunos eram suficientemente ativos, mas, no entanto, 79,5% gastam mais de duas horas por dia em frente à televisão. O sobrepeso atingiu 16% e a prevalência de obesidade foi de 7,2% para o conjunto das capitais.

Os levantamentos também alertam que jovens estão entre os grupos mais vulneráveis para o tabagismo e o consumo de álcool. No Brasil, onde o consumo de álcool também é associado às mortes por causas violentas e aos acidentes de trânsito, a exposição ao álcool tem início precoce: 71% dos estudantes de 9º ano avaliados na PeNSE relataram que já haviam experimentado álcool e 27% haviam consumido bebidas alcoólicas nos trinta dias anteriores. Quase 25% desses alunos disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida.

A coordenadora geral de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, considera, porém, que a adolescência é também um período favorável para adoção de novas práticas e comportamentos, quando os jovens tornam-se mais independentes. “A presença, neste período da vida, de determinados fatores de proteção, como alimentação saudável e atividade física, contribui para a promoção e preservação da saúde da população, com ganhos de curto e longo prazo”, salienta.

Com uma atenção especial à prevenção das doenças crônicas, o Programa Saúde na Escola (PSE) foi lançado em 2008 para contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública da educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. Em parceria, os ministérios da Saúde e da Educação integram as redes de educação e o Sistema Único de Saúde. Na prática, o trabalho integrado gera ações de promoção para a saúde, estimulando a alimentação saudável, bem como práticas corporais e atividade física. A prevenção do tabagismo e do uso de álcool, bem como a prevenção de violência, também fazem parte das ações que o programa incorpora ao cotidiano das escolas municipais que dele participam.

Comportamento saudável deve começar cedo
Mais da metade dos 5.565 municípios em todo o Brasil – precisamente 2.812 deles – estão aptos a receberem o incentivo federal para desenvolverem um conjunto de ações para reforçar cuidado, prevenção e promoção à saúde dos alunos brasileiros, incluindo ações concretas para o enfrentamento de doenças crônicas não transmissíveis.  A partir da ideia de prevenir as doenças crônicas não transmissíveis por todo o ciclo da vida, as ações iniciam-se durante a gravidez, passando pelo estímulo ao aleitamento materno, pela proteção à infância e à adolescência e continuam na fase adulta.

Alimentação saudável e educação alimentar na escola, com a promoção da aquisição de alimentos frescos, atividade física na escola e no contraturno, além da prevenção ao uso de álcool e drogas fazem parte da política de saúde que está se intensificando nas escolas. Além disso, o Ministério da Saúde defende a regulação de propaganda de alimentos para o público infantil.

Quando aderem ao PSE, escolas públicas municipais passam a contar com o acompanhamento constante de uma equipe do Programa Saúde da Família para atender a um grupo de pelo menos 500 alunos. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil pessoas, incluindo o território escolar.

Uma vez assinado o termo de compromisso com o PSE, o município assume um conjunto de ações obrigatórias. Entre outras tarefas, deve fazer pelo menos uma vez ao ano a avaliação antropométrica dos alunos, que inclui pesagem, para calcular o índice de massa corporal (IMC), e a medição, de forma a avaliar a curva de crescimento das crianças. Com isso é possível avaliar se o desenvolvimento das crianças e jovens está normal e se há casos de sobrepeso. Nas escolas, as equipes do Saúde da Família também aferem a pressão arterial, identificando casos de hipertensão, e fazem testes para encontrar sinais e sintomas de diabetes.

Sistematizar informações para aperfeiçoar políticas
“Quando aproveitamos a experiência das equipes do Saúde de Família junto com a experiência das escolas e dos professores, integrando com a sabedoria da comunidade podemos qualificar nossa ação por meio de um programa intersetorial, em que governo e sociedade organizada participam”, observa a coordenadora do Programa Saúde na Escola, Raquel Turci Pedroso, do Ministério da Saúde.

Também é analisado o baixo peso e a desnutrição, levando em conta problemas relacionados à pobreza. Nesses casos, podem ser feitas visitas domiciliares às famílias dos alunos, de modo a conhecer melhor sua realidade e encontrar soluções junto à equipe interdisciplinar. Dessa maneira, é possível verificar ainda se as vacinas estão em dia e se há outras demandas em se tratando de saúde ou outros tipos de serviço. Com esse trabalho integrado, foi possível constatar que dos 2.812 municípios que aderiram ao PSE até agora, 63% integram o Programa Brasil Sem Miséria, que, entre outras ações, vai identificar e inscrever pessoas que precisam e ainda não recebem o Bolsa Família.

Raquel Pedroso ressalta que, a partir de agosto de 2011, todos os municípios que assinarem termo de compromisso com o programa vão também colaborar para um monitoramento detalhado das ações e dos resultados. Todos terão de indicar o número de educandos envolvidos nas ações, mostrando quantos apresentaram problemas de saúde, quantos foram atendidos e encaminhados para tratamento. “Ainda não temos hoje números ou porcentagens para quantificar os resultados do PSE, mas, com esse monitoramento, a partir de 2012 teremos”, avisa.

Trabalho integrado otimiza resultados
A coordenadora do Programa Saúde na Escola aponta experiências especialmente exitosas nos municípios de Florianópolis (SC) e Vitória (ES). Na capital de Santa Catarina, todas as 36 escolas municipais aderiram ao PSE. A diretora Karla Hermans, da Escola Municipal Adotiva Liberato Valentim, em Florianópolis, conta que, quando a aferição de peso começou a ser feita, um terço das crianças apresentava sobrepeso e sempre sobrava fruta na merenda escolar.

“O PSE instrumentalizou a vontade que já tínhamos de trabalhar em conjunto. A escola passou a ser espaço para a saúde também”, avalia Hermans. A diretora explica que, além de incluir educação alimentar na grade curricular, a escola, junto com os pais, professores e demais integrantes da comunidade escolar, decidiu abolir de suas refeições biscoitos recheados, refrigerantes e alimentos industrializados que contribuem para o desenvolvimento de doenças crônicas. Também ficou proibido levar esse tipo de alimento para a escola.

Ao mesmo tempo, a escola criou uma horta em que as crianças plantam e colhem boa parte das frutas, legumes e verduras que vão consumir em suas refeições escolares. As crianças também ajudam a preparar a merenda. “Percebemos que no dia em que as crianças colhem a alface que elas plantaram, na hora da refeição comem toda a verdura”, comemora a diretora.

Com o trabalho conjunto, a escola passou a ser mais um espaço educativo para a promoção da saúde. Grupos de apoio como os de tabagismo, de hipertensão e de sobrepeso passaram a se encontrar na escola. Além disso, ao trabalhar de perto com a equipe do Saúde da Família, a escola constatou resultados também no acesso aos serviços. “Percebemos, por exemplo, que na nossa comunidade, as pessoas não compareciam a 40% das consultas marcadas. Agora temos uma maior assiduidade de consultas médicas, graças ao trabalho conjunto que passamos a fazer com o Posto de Saúde”.
Rede particular também se articula
Também nas escolas particulares as políticas de promoção à saúde do governo estão levando a importantes mudanças de hábitos, com apoio da comunidade escolar. O presidente da Federação Interestadual das Escolas Particulares (Fenep), José Augusto Lourenço, menciona que a entidade tem se reunido com secretarias da saúde para tratar da saúde das crianças em escolas particulares e planejar ações concretas, em consonância com as diretrizes do PSE.

“Orientamos os sindicatos que, por sua vez, orientam as escolas particulares, no sentido de trabalhar a prevenção ao tabagismo e ao uso de álcool e de drogas, além de verificar o que está sendo vendido nas cantinas, mesmo nas terceirizadas”, explica Lourenço.

O presidente da Fenep lembra que vários municípios incluem em sua legislação regras para que os alimentos consumidos nas escolas sejam saudáveis e que as escolas se valem da educação para romper com resistências.
Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das DCNT – Saúde na Escola

- Promoção da saúde
- Prevenção de doenças e agravos
- Prevenção ao uso do álcool, tabaco e outras drogas
- Educação para a saúde sexual e reprodutiva
- Promoção da atividade física
- Promoção da alimentação saudável.
- Avaliação clínica e psicossocial,
- Avaliação nutricional
- Avaliação da saúde bucal
- Projeto de Formação Permanente a partir de três eixos: gestão da formação, operacionalização e organização dos diferentes formatos de formação.
- Encarte Saúde no Censo Escolar (INEP/MEC)
- Pesquisa Nacional Saúde do Escolar (PeNSE/MS)
- Sistema de Monitoramento do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (PN DST/Aids e Unesco)
- Pesquisa Nacional do Perfil Nutricional e Consumo Alimentar dos Escolares (FNDE).

Saiba mais aqui sobre o Programa Saúde na Escola

Confira matéria da Web Rádio Saúde

Agência Saúde
 
Atendimento à imprensa
(61) 3315-2351/ 3580

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