domingo, 29 de agosto de 2010

Saúde garante medicamento para doença de Gaucher


Diante da falta mundial do único remédio até então comercializado, Brasil consegue autorização para importação emergencial de novo produto. Essa foi a única maneira de o governo federal manter a oferta de tratamento aos pacientes do SUS
O Ministério da Saúde fechou contrato nesta semana para a compra de 54.400 frascos do medicamento taliglucerase alfa 200 UI, garantindo a oferta de tratamento para doença de Gaucher na rede pública de saúde. Até então, o único medicamento com registro no Brasil e que poderia ser comprado pelo governo federal para atender a esses pacientes era a imiglucerase. Contudo, o remédio está em falta em todo o mundo desde que o único produtor mundial (a Genzyme) comunicou, em julho de 2009, a suspensão temporária da fabricação do remédio depois de contaminação de seus equipamentos por um vírus. O ministério decidiu pelo novo medicamento após a Genzyme informar não ter condições de abastecer o mercado neste momento.

Essa é uma doença genética que prejudica o metabolismo e o tratamento é fundamental para reduzir a mortalidade, além de melhorar as condições de vida do paciente. Atualmente, 610 pacientes diagnosticados com a doença recebem medicamento pelo Sistema Único de Saúde.

A previsão era de que o novo medicamento, o taliglucerase alfa, entrasse no mercado internacional em aproximadamente dois anos. Diante da situação emergencial, o Ministério da Saúde — a exemplo do que fizeram outros países, como a França — conseguiu com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para comprar e distribuir esse produto antecipadamente. Essa foi a única forma de manter o atendimento gratuito aos pacientes que dependem do tratamento. 

O contrato assinado pelo Ministério da Saúde com a empresa Pfizer, produtora do medicamento, prevê a primeira entrega, de 40 mil frascos, na segunda semana de setembro. O laboratório é o único no mundo capaz de disponibilizar tratamento para a Doença de Gaucher no prazo necessário para evitar o desabastecimento na rede pública brasileira. 

A pasta vem acompanhando e informando a rede pública sobre a situação do fornecimento da imiglucerase desde junho de 2009. 

NOVO PRODUTO - Os profissionais de saúde receberão um guia com orientações sobre o uso do novo medicamento, elaborado pelo Ministério da Saúde com base no Protocolo Clínico para Doença de Gaucher, além de recomendações para o acompanhamento dos pacientes.

“O Ministério da Saúde está trabalhando para garantir tratamento para a doença no SUS diante de uma situação de crise na oferta em todo o mundo. Trata-se de um medicamento novo e vamos orientar gestores e profissionais de saúde sobre o uso do produto”, afirma o diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior. 

CRISE MUNDIAL - A única empresa que, até então, comercializava medicamento para doença de Gaucher, a Genzyme, comunicou a suspensão temporária da fabricação mundial do produto em julho de 2009, depois que foi identificada uma contaminação por vírus nos equipamentos utilizados na produção. Na época, o laboratório informou o Ministério da Saúde que não havia risco de falta do produto no Brasil.

No entanto, em agosto de 2009, o laboratório enviou comunicado relatando não ter condições de cumprir os prazos previstos para a entrega do remédio, 15 dias antes da data de entrega. Em negociação com a empresa, o Ministério da Saúde firmou termos aditivos ao contrato para conseguir entregas em menor quantidade e em outras apresentações em dezembro de 2009 e nos meses seguintes.

Nesse período, o Ministério da Saúde utilizou seu estoque estratégico e, em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde, recomendou o uso racional das doses do produto para evitar a falta do medicamento, conforme condutas previstas no Protocolo Clínico para Doença de Gaucher. Com esse esforço, o Ministério conseguiu garantir o abastecimento da rede pública de saúde até agosto de 2010. Até o momento, não houve registro da falta do medicamento ou prejuízo no tratamento dos pacientes com doença de Gaucher. 

MERCADO – Após a Genzyme informar que não conseguirá atender o mercado brasileiro e que a produção não foi normalizada, o governo está recorrendo à única alternativa existente: a oferta de um produto novo – a taligrucerase alfa, fabricada pela Pfizer. Além do taliglucerase alfa, outro medicamento para doença de Gaucher está sendo fabricado no mundo, a velaglucerase alfa da empresa Shire Therapeutics. Contudo, a Shire informou o Ministério da Saúde que não terá estoque suficiente para abastecer a rede pública brasileira.

O aval da Anvisa para a importação da taliglucerase alfa foi dado após análise de documentos que apontavam os resultados do produto. “É importante deixar claro que a oferta e o fornecimento do remédio estão sendo feitos de maneira responsável e por tempo limitado”, reforça Nascimento Júnior. Normalizada a produção da Genzyme, o Brasil poderá voltar a adquirir, quando necessário, a imiglucerase produzida por este laboratório.

O consumo médio de medicamento para doença de Gaucher no Brasil é de 13 mil frascos de 200 UI por mês. A compra fechada pelo Ministério da Saúde com a Pfizer, de 54.400 frascos, deverá manter a rede pública abastecida até dezembro deste ano, garantindo tratamento para os 610 pacientes cadastrados no SUS que dependem do produto. Junto com a primeira distribuição da taligrucerase alfa, o Ministério da Saúde encaminhará documento técnico com as formas de aplicação do produto pelo profissional de saúde. 

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