prisão de ventre atinge grande parte da população. Pode ser do tipo aguda, de forma repentina e claramente perceptível ou crônica, que as vezes começa de forma sutil e persiste durante meses ou anos. As causas mais comuns estão relacionadas a hábitos de vida como: dieta inadequada, sedentarismo e a não resposta ao estímulo evacuatório devido à pressa do dia a dia.
Para a maioria das pessoas, ir ao banheiro, principalmente na rua, não é exatamente confortável, mas, não ir com certeza pode gerar um problemão. Afinal, o intestino preso provoca desconforto abdominal, faz a barriga inchar e por causa do acúmulo de toxinas, rouba a vitalidade da pele, além de provocar irritabilidade. “O termo ‘enfezado’ vem disso, cheio de fezes. A quantidade de liberação de toxinas para o corpo também é grande quando se está constipado, pois o organismo sabe o que precisa absorver e o que precisa expelir e, se isso fica retido, vai ter uma maior absorção do que não é bom.”, diz Vânia Barberan, membra da Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro.
Medicamentos ou doenças neurológicas, musculares e endócrinas também podem causar a prisão de ventre, que se não tratada, pode acarretar em complicações proctológicas como as hemorróidas (dilatações nas veias do ânus).”Diversos tipos de câncer intestinal também estão relacionados à constipação. Até mesmo porque quem tem intestino preso, normalmente come mais carne, alimentos refinados, doces com açúcar e bebe refrigerante no lugar da água. Consumos que fazem mal ao organismo.”, afirma a especialista.
A alimentação, sem dúvida, pode ser uma grande aliada no combate a este mal e as fibras são os nutrientes mais indicados nesta batalha. Porém, é preciso tomar cuidado com o exagero. “O consumo de fibras é importante para o bom funcionamento intestinal. No entanto, além de não ser o único fator, o seu uso em excesso pode causar sensação de ‘empanzinamento’, gazes e distensão.”, explica Bernardo Junger, da Sociedade de Gastroenterologia do Rio de Janeiro.
Para a nutricionista, tudo é uma questão de equilíbrio. “Primeiramente, é bom esclarecer que as fibras têm que ser associadas ao consumo de água. Sem isso, elas realmente podem causar constipação. Entenda: a prisão de ventre é uma sinalização do organismo de que sua alimentação está errada. Logo, não adianta ficar tentando soluções rápidas e milagrosas. A rotina do dia a dia que deve ser alterada e isso leva tempo e dá trabalho, mas, é melhor fazer por opção do que ser obrigado em função de alguma patologia instalada.”, ressalta.
Portanto, para o bom funcionamento do intestino é necessário aumentar o consumo de água e seguir uma dieta balanceada, sem radicalismos. “Nenhum alimento é vilão ou mocinho, todos são bons. Caso algum alimento esteja causando constipação isso deve ser investigado. A banana e a maçã, mesmo sendo mais secas, não vão causar prisão de ventre em quem tem uma alimentação saudável.”, comenta Vânia Barberan.
O consumo de óleos vegetais pode ajudar, mas, a especialista alerta que hoje há muito uso de óleos minerais (vasilina, glicerina e óleo mineral) que não são bons para o organismo. “Vou fazer uma pergunta ilustrativa: o que tem de bom se você comer um saco plástico? Esses óleos são derivados do petróleo e por isso, não fazemos a digestão deles, que passam direto pelo intestino. Será que isso é bom? Eu não acho. Até porque não resolve o problema, só alivia o paciente naquele momento e propicia uma queda na absorção de nutrientes.”, expõe.
Aliás, de acordo com os profissionais da área da saúde o uso de laxantes também é um erro. O remédio só deve ser utilizado quando prescrito por um médico, pois ao longo do tempo, ele lesa as células nervosas que controlam a movimentação do intestino, gerando assim um ciclo vicioso e piorando o problema. “A constipação deve ser tratada a longo prazo, a utilização constante de laxantes leva a uma prisão de ventre crônica, que faz o intestino ficar dependente do estímulo causado pelo medicamento. Hoje sabemos que o uso contínuo de substâncias como cáscara sagrada e sene são mais nocivos do que bons para o corpo. Pode-se usar um laxante de forma pontual, para aliviar o paciente constipado, mas a reeducação alimentar deve ser sempre priorizada.”, diz a nutricionista.
É bom esclarecer que o fato de não evacuar todos os dias, não significa que a pessoa tenha prisão de ventre. “O conceito de hábito intestinal normal é muito variável, há levantamentos que indicam desde uma evacuação a cada três dias até três evacuações ao dia.”, explica Bernardo Junger. Além disso, a constipação intestinal relaciona-se não só à freqüência, mas também ao esforço para evacuar, às fezes endurecidas e à sensação de evacuação incompleta. “O mais importante é atentar para uma mudança do seu hábito intestinal, daquilo que é o seu normal. Uma prisão de ventre de início recente ou abrupto, principalmente em pessoas acima de 50 anos, assim como acompanhada do que chamamos de sintomas de alarme - como sangramento, perda de peso e dor abdominal - deve motivar a procura imediata de uma consulta médica.”, acrescenta o doutor.
Muitos idosos sofrem deste mal, afinal, na idade mais avançada os músculos tendem a ficar mais relaxados e flácidos inclusive no interior do corpo, o que pode causar constipação. Uma dieta alimentar equilibrada melhora sensivelmente o problema, somada à atividade física para o fortalecimento da parede abdominal.
Também se sabe que o sexo feminino é mais atingido pela prisão de ventre. A proporção é de duas a três mulheres para cada homem com a queixa, mas ainda não se encontrou uma razão para isso. “Parece que está relacionado mais a um ‘pudor’ do que necessariamente a uma questão fisiológica. Além do que, as mulheres criam regras para elas mesmas viverem que só elas entendem”, conta a nutricionista.
Alimentar-se com frutas, hortaliças, legumes, grãos e farelo como fonte de fibras, atender à vontade de evacuar e não inibir esse reflexo, procurar adotar um horário mais conveniente para ir ao banheiro, preferencialmente após a refeição matinal e fazer regularmente algum tipo de atividade física são atitudes que vão melhorar o seu funcionamento intestinal. Mesmo que demore alguns dias, não deixe de seguir as orientações que os resultados virão com certeza.
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