sábado, 30 de julho de 2011

Pesquisa revela baixo teor de nutrientes na alimentação do brasileiro

Estudo mostra consumo excessivo de açúcar, sódio e gorduras saturadas em toda a população do país. Ministério da Saúde estimula alimentação saudável

O brasileiro combina uma dieta tradicional, baseada no arroz e feijão, com alimentos compostos por baixo teor de nutrientes e alto conteúdo calórico. Aliado ao crescente consumo de refrigerantes e refrescos, está a ingestão reduzida de frutas, verduras e legumes. Esse retrato, um alerta sobre o perfil da alimentação no país, consta na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, módulo "Consumo Alimentar Individual", financiado pelo Ministério da Saúde e conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (28), no Rio de Janeiro.

De acordo com as informações da POF, apesar de haver uma ingestão satisfatória de proteínas, a prevalência de consumo excessivo de açúcares foi observada em 61% da população, já a de gorduras saturadas, em 82% das pessoas. O consumo insuficiente de fibras foi observado em 68% dos brasileiros.

"Esse padrão alimentar da população brasileira é mais preocupante ainda entre os adolescentes, que apresentaram um perfil com baixo teor nutricional, o que pode trazer consequências no futuro como o aumento do excesso de peso, obesidade e doenças crônicas", alerta a coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime. Por outro lado, o maior consumo de feijão, arroz e salada crua foi observado entre idosos (veja quadro).

Com amostragem de 13,5 mil domicílios, a POF foi realizada com base em análises de medidas no consumo alimentar individual de pessoas com 10 anos ou mais de idade. Essa é a primeira vez que a pesquisa colhe as informações de alimentação e quantidades consumidas em dois dias não consecutivos da vida do entrevistado. Nessa análise, foi considerado tanto a alimentação em casa quanto fora da residência.

O estudo avalia indicadores como o consumo de sal, açúcar e micronutrientes, a partir de alimentos considerados positivos e negativos da dieta. Entre os positivos estão frutas, legumes, peixes, arroz, feijão, fibras e laticínios. Já entre os negativos estão biscoitos recheados, pizzas, salgadinhos industrializados, refrigerantes e refrescos adoçados.

"A população brasileira vem se alimentando de forma inadequada, com alto consumo de alimentos ricos em energia. Por outro lado, há consumo insuficiente de alimentos protetores, como frutas, verduras, legumes e grãos integrais", analisa a Patrícia.

Por Alethea Muniz e Neyfla Garcia – Ascom/MS Telefone: 61.3315-6261/ 3580

Plano para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis

Diante desse cenário, o Ministério da Saúde trabalha para consolidar o Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), uma das prioridades do governo brasileiro. A proposta, de caráter interministerial, está disponível no Portal da Saúde para consulta ampliada e recebe sugestões da sociedade civil e parceiros do Ministério até o próximo domingo. O documento será apresentado no dia 18 de agosto, em Brasília.

Guia alimentar para a População Brasileira

O Ministério da Saúde disponibiliza o Guia Alimentar para a População Brasileira, disponível no Portal da Saúde. A publicação traz diretrizes específicas para incentivar o consumo de alimentos saudáveis e orientações sobre as refeições. A recomendação é que se faça pelo menos três refeições diárias, intercaladas por lanches. A segunda diretriz trata dos cereais, tubérculos e raízes. Alimentos como pães e massas devem ser consumidos preferencialmente na forma integral.

Consumo médio de sal é alto no Brasil

A POF 2008-2009 confirma que os brasileiros consomem mais sódio do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de até 5g diárias. De acordo com a pesquisa, o consumo médio no país está em 8,2g diárias. "O sódio é considerado um importante marcador de consumo alimentar, dada a relação do seu consumo excessivo com doenças crônicas, como a hipertensão arterial, doenças cardíacas e renais", explica Patrícia Jaime.

A situação é preocupante principalmente entre os adolescentes: a ingestão elevada foi observada em mais de 90% na faixa etária de 14 a 18 anos. São eles que mais consomem alimentos como pizza, embutidos, chips, biscoitos recheados e refrigerantes, considerados moderadores negativos. O consumo desses alimentos está aliado ao excesso do teor de sódio na dieta do brasileiro.

Para mudar esse quadro, o Ministério da Saúde assinou em abril passado um termo de compromisso com a indústria de alimentos processados. O acordo prevê a redução gradual na quantidade de sódio presente em 16 categorias de alimentos, definindo o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados. Algumas metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2012 e aprofundadas até 2014. No caso das massas instantâneas, por exemplo, a diminuição anual será de 30%.

Outra iniciativa para promover a saúde é a campanha "Menos Sal. Sua Saúde Agradece", lançada na última terça-feira (26). A iniciativa, resultado de parceria do Ministério com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), busca conscientizar a população em relação aos malefícios de consumo excessivo de sal, trazendo orientações para o uso racional, como a retirada do saleiro da mesa e o uso de temperos naturais.

População abusa na ingestão de açúcar

De acordo com a POF 2008-2009, 61,3% da população consomem açúcar em excesso. A média de energia diária proveniente do açúcar livre para cada pessoa foi 14% do total, quatro pontos percentuais acima do máximo recomendado – mais de 10% é considerado "consumo excessivo". Entre os altos níveis de inadequação na ingestão de açúcar, mais uma vez estão os adolescentes: 74% dos meninos e 83% das meninas entre 14 e 18 anos consomem mais açúcar do que o recomendado.

Na faixa etária anterior, de 10 a 13 anos, a frequência é ainda maior: 82% das meninas e 80% dos meninos abusam do açúcar livre, que é o adicionado nos alimentos. Esse percentual é superior ao dos adultos, grupo em que o consumo excessivo foi observado em 67% de homens e mulheres.

"Os alimentos ricos em açúcares e gorduras estão substituindo, em muitos casos, o consumo de itens importantes para uma alimentação saudável", explica Patricia Jaime. "Esse consumo excessivo está associado ao desenvolvimento de cáries dentárias e à obesidade. Também há evidências que apontam para a relação entre esse consumo com outras doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes", alerta.

Soma-se a esse perfil o menor consumo dos alimentos protetores, tais como frutas, verduras, legumes e cereais integrais. "Os resultados da POF evidenciam a necessidade de atuar na redução do teor de açúcar nos alimentos, além de medidas de educação nutricional para a promoção da alimentação saudável", analisa Patrícia.

Além de ações nas escolas, a partir do Programa Saúde na Escola, o Ministério da Saúde tem investido na qualificação de profissionais da atenção básica, com inclusão de nutricionistas nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs). Hoje, mais de 17 mil unidades básicas contam com profissionais de nutrição e educação física, aptos a orientar os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

TABELAS SOBRE O CONSUMO ALIMENTAR DO BRASILEIROFonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009)



SERVIÇO
Guia Alimentar da População Brasileira

Disponível no endereço eletrônico: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/guia_alimentar_conteudo.pdf

 
Alimentos
 
Adolescentes
Adultos
Idosos
g/dia
g/dia
g/dia
Arroz
158,9
165,0
138,8
Feijão
183,9
186,9
161,1
Salada crua
8,8
16,4
15,4
Frutas
72,1
83,1
120,2
Macarrão instantâneo
8,4
4,8
3,6
Biscoito recheado
12,3
3,2
0,6
Leite integral
38,6
31,5
45,6
Leite desnatado
2,5
4,4
9,7
Iogurtes
13,8
9,2
6,8
Chocolates
6,2
3,1
1,4
Achocolatados
1,8
0,7
0,3
Sorvete/Picolé
9,2
3,8
1,6
Sucos\Refrescos\Sucos em pó reconstituídos
167,8
147,4
100,2
Refrigerantes
123,7
98,2
35,1
Bebidas lácteas  com sabor e adoçadas
43,5
15,9
6,1
Salgados fritos e assados
13,6
9,9
6,4
Salgadinhos industrializados (tipo chips)
2,2
0,3
0,1
Sanduíches
15,0
12,1
5,5

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